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ALIMENTAÇÃO

13/09/2016

Cuidados na nutrição e alimentação de cordeiros

Os cuidados com a nutrição e alimentação de cordeiros até o desmame começa ainda na fase de gestação das ovelhas.


Os cuidados com a nutrição e alimentação de cordeiros até o desmame começa ainda na fase de gestação das ovelhas, principalmente nos últimos 50 dias, em que ocorre cerca de 70% do crescimento e desenvolvimento do(s) feto(s). Nesta fase, as ovelhas têm elevada exigência nutricional, entretanto, sua capacidade de consumo é diminuída devido ao aumento do tamanho do útero que comprime o rúmen, reduzindo sua capacidade de enchimento. Além disso, a presença de alguns hormônios no final da gestação, como os estrógenos, inibe o apetite dos animais reduzindo ainda mais sua capacidade de ingestão. Neste sentido, é fundamental fornecer alimentos de qualidade e em quantidade para que as exigências nutricionais das ovelhas gestantes sejam atendidas e possam produzir cordeiros pesados e saudáveis.

A principal recomendação relacionada a esta fase de produção é o fornecimento de concentrados com maior densidade energética, entretanto, esta recomendação não deve ser adotada para todas as ovelhas sem antes avaliar seu escore corporal. Sendo assim, apenas ovelhas com escore corporal abaixo de 3 deverão ser suplementadas com dietas mais energéticas, já que a superalimentação de ovelhas com bom escore corporal poderá causar toxemia da gestação e levar o animal a morte. Estes cuidados com as matrizes são importantes porque permitem o nascimento de cordeiros pesados, aumentam a produção de leite, a taxa de sobrevivência e, conseqüentemente, a produção de cordeiros dentro do ciclo produtivo.

Logo após o nascimento a fonte de alimento é o colostro que deve ser ingerido o mais rápido possível, já que a imunidade transmitida por ele diminui progressivamente com o passar do tempo. A ingestão de colostro é a primeira garantia que os cordeiros serão resistentes a várias infecções e poderão chegar ao fim do processo de produção, seja para corte ou para reprodução. Até aproximadamente 20 dias de idade, os cordeiros alimentam-se quase que exclusivamente de leite, por isso, a nutrição adequada das matrizes será o grande determinante do desempenho das crias durante esta fase.

No entanto, se o objetivo é produzir cordeiros precoces para abate, é fundamental a adoção do creep feeding, que consiste no fornecimento de concentrado específico para as crias, sem que as ovelhas tenham acesso. O creep feeding é bastante utilizado principalmente em sistemas intensivos de produção de cordeiros, pois permite elevados ganhos de peso, proporcionando animais pesados ao desmame, o que reduz o tempo necessário para atingir peso de abate e os custos com alimentação, além de permitir a obtenção de carcaças de maior qualidade, já que serão provenientes de animais jovens e precoces.

As formulações dos concentrados utilizados no creep feeding não precisam ser complexas, sendo que o mais importante é a adição de palatabilizantes, como o melaço, para que os cordeiros iniciem o consumo o mais rápido possível e continuem sendo estimulados a consumirem em grande quantidade (Tabela 1). 

Tabela 1 - Exemplo de formulação de concentrado para creep feeding (% na matéria seca)
 


Adaptado de Susin et al. (2006)

Diversos estudos já foram realizados e todos concluíram que os custos com a utilização do creep feeding são totalmente viáveis, já que os cordeiros atingirão peso de abate mais rapidamente; além disso, esta é a fase de maior crescimento dos cordeiros, em que haverá melhor resposta dos animais quando forem dadas condições alimentares adequadas.

Após o desmame, deve-se ter bastante atenção também na nutrição dos cordeiros, pois além do grande estresse causado pela separação da mãe, o que diminui a resistência a infecções, esta é uma fase de elevada exigência nutricional, principalmente se forem cordeiros de raças especializadas para produção de carne. Por isso, logo no desmame, recomenda-se fornecer dietas bem formuladas, como no mínimo 16% de proteína bruta, e vacinar os cordeiros contra clostridioses, sendo que esta prática é fundamental para os animais destinados a terminação em confinamento. Segundo Macedo (1996), o maior desenvolvimento dos cordeiros ocorre nos primeiros 120 dias de vida, por isso que este é o período mais indicado para o confinamento dos animais (Figura 1).
 


Considerando as particularidades do sistema de produção de cordeiros, deve-se sempre atentar primeiramente a nutrição das matrizes, disponibilizando alimentos de qualidade para aumentar o peso dos cordeiros ao nascer e a produção de leite, objetivando desmamar animais pesados dentro de cada raça ou cruzamento, para diminuir assim, o tempo de confinamento e os custos com alimentação.

Referências:

MACEDO, F. de A. Sistemas de terminação de cordeiros. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 33., 1996, Fortaleza. Anais... Fortaleza, 1996. p. 113-117.

SAINZ, R.D. Qualidade de carcaças e de carne de ovinos e caprinos. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 33, 1996, Fortaleza. Anais... Fortaleza: SBZ, 1996. p.3-14.

SUSIN, I.; MENDES, C.Q.; AMARAL, R.C. Manejo alimentar para produção intensiva de cordeiros. In: SEMANA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AGROPECUÁRIA, 31., 2006, Jaboticabal.

 




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